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Audiência discute intolerância religiosa e ataques aos terreiros

A Comissão de Direitos Humanos da Alerj, presidida por Freixo, realizou nesta quinta-feira uma Audiência Pública sobre intolerância religiosa e ataques a terreiros no Rio de Janeiro. Participaram do encontro Flavio Serafini, Eliomar Coelho, representantes do mandato do companheiro Glauber Braga e outro deputados; diversas lideranças religiosas e fiéis umbandistas, candomblecistas, evangélicos e católicos e representantes da Polícia Civil e da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. A mesa foi composta por Mametu Mabeji (Kupapa Unsaba); Babalorixá Adailton Moreira (Ilé Omiojuarô); Mãe Meninazinha de Oxum (Ilé Omolu Oxum); Secretário Átila A. Nunes (SEDHMI); Delegado Orlando Zaccone (Polícia Civil); Diácono Nelson Águia (Arquidiocese do Rio) e Pastor Ariovaldo Ramos (Evangélicos pelo Estado de Direito).

Freixo iniciou o encontro destacando a importância de discutir a intolerância e o racismo religioso no espaço do Poder Legislativo. “Os ataques aos terreiros não são um problema apenas para quem é do Candomblé e da Umbanda. É um problema de todos, é um problema da democracia no Rio de Janeiro. É importante trazer essa discussão para a Alerj para que a gente escute e veja quem está falando. São pessoas, são corpos presentes. Vivemos um avanço conservador, nazista, de um setor de expressão política e religiosa que nega as divergências e diversidades. Caminhamos para uma ameaça a qualquer significado de democracia. E isso se expressa com determinadas populações, como os povos de matriz africana e o segmento LGBT”, afirmou.

O babalorixá Adailton Moreira destacou que a violência contra os povos de santo tem também motivações racistas, “Territórios negros são cotidianamente violentados. Nossas crianças são violentadas diariamente nas instituições públicas, principalmente nas escolas. Não é só intolerância, é racismo e terrorismo. Já Mametu Mabeji, convocou os religiosos a atuar coletivamente na defesa ao direito à fé. “Do jeito que as coisas estão, vão acabar com a nossa religião. Com nossos ancestrais, lutamos para chegar até aqui. Então, meus irmãos, vamos nos unir com todas as nossas forças!”, disse.

O pastor Ariovaldo Ramos se solidarizou com os religiosos de matriz africana e afirmou que a violência sofrida faz parte de um projeto conservador que ganha força hoje no país. “Há um desmonte acontecendo no Brasil. Toda essa violência vem neste bojo que vitimiza os pobres, as negras e os negros, as mulheres e as minorias”, avaliou. O teólogo destacou ainda que o fundamentalismo evangélico não representa a totalidade deste segmento religioso. “Qualquer expressão cristã tem que estar ao lado das religiões de matriz africana, pois sabemos o que é perseguição e assassinato em nome da fé, seja ela qual for. Sob nenhum pretexto se deveria usar o evangelho como desculpa para desrespeitar qualquer manifestação de fé. O diácono Nelson Águia também repudiou todas as formas de violência contra os povos de santos. “Somos contra qualquer invasão de terreiros, depredação de casas de santos e manifestações de ódio contra qualquer religião do Rio. O discurso da igreja deve ser do amor e não do ódio!”, afirmou.

O delegado Zaconne defendeu propostas concretas para apoiar o segmento "Precisamos articular o Poder Legislativo para criar a Delegacia de Repressão a Crimes de Racismo e Intolerância Religiosa. É preciso criar esse marco político e um novo olhar para essas vítimas históricas", avaliou.